Principal produto de exportação da economia brasileira durante o século 19 e início do século 20, o café, hoje é a segunda bebida mais consumida no mundo, só perdendo para a água. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em parceria com o Instituto Axxus, realizou uma pesquisa entre 2019 e 2023 que examinou o consumo de café no país antes, durante e após a pandemia de COVID-19.
Os dados mostram que o consumo da bebida permaneceu estável, com 81% dos entrevistados mantendo o hábito em 2023. A quantidade diária varia, sendo 29% consumindo mais de seis xícaras, enquanto 46% consomem entre três e cinco xícaras. O café é um item pertencente à cesta básica, considerado obrigatório para indivíduos adultos.
O café pode ser extremamente benéfico para a saúde. Existem evidências de uma revisão sistemática com consumidores de café que identificaram que existem vários motivos principais para o consumo de café, como: benefícios à saúde e disposição, sabor e prazer, hábito, tradição, cultura e socialização.
De modo geral, o hábito do consumo de café faz parte da cultura mundial, sendo muitas vezes mais importante do que o sabor do produto, já que beber café se tornou motivo de confraternização entre as pessoas. Desta forma, o interesse em consumir café está muitas vezes relacionado com a busca de sensações prazerosas. O consumo de café é considerado um costume significativo na vida cotidiana moderna, uma vez que resulta em um efeito de alerta no cérebro humano, além de contribuir com a redução da depressão.
Diante da necessidade de realizar várias tarefas ao longo do dia, as pessoas recorrem ao café como uma estratégia energética. Entretanto, os indivíduos responderam de forma diferente à ingestão do produto, de modo que nem sempre a sensação de energia e prazer é percebida por todos. De uma forma geral, dentro de um contexto saudável e utilizando-se doses adequadas, o café é nutricional e culturalmente bem-vindo.
A ingestão de café é frequentemente associada à cafeína, que é um dos principais componentes da bebida. Embora os grãos de café torrado e o café coado contenham altos níveis de cafeína, existem também vários outros compostos de fitoquímicos presentes nele, e estes incluem ácido clorogênico/lignanas, alcaloides, polifenóis, terpenoides, melanoidinas, vitaminas e minerais.
Os impactos do consumo de café na saúde foram extensivamente investigados e, de acordo com a literatura, o consumo de 3 a 4 xícaras diárias está associado a uma menor mortalidade por diabetes mellitus, doença de Parkinson, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Existe a hipótese de que os benefícios relacionados ao consumo de café estejam associados à presença de compostos que contribuem para a formação de radicais livres e a inflamação, o que pode contribuir na prevenção de doenças.
Por outro lado, o consumo excessivo do café está associado ao aumento dos níveis de colesterol sérico, o que pode prejudicar a saúde cardiovascular e predispor ao infarto agudo do miocárdio. Além disso, já foi identificado que esse consumo exagerado pode estar relacionado à redução do apetite, insônia, inquietação, cisto de tecido mamário em mulheres, distúrbios digestivos, dores de cabeça, diminuição da fertilidade e aborto. Sendo assim, os estudos mais recentes dizem que o consumo de café é benéfico para a nossa saúde quando consumido em quantidades adequadas, sendo o excesso prejudicial.
Mariana Guedes, professora de nutrição da Estácio.