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Redação Ogoiás

STF invalida tese de "legítima defesa da honra" em feminicídios

Resultados de julgamentos apoiados nesse argumento podem ser anulado

STF invalida tese de "legítima defesa da honra" em feminicídios
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta terça-feira (1º/8) de forma unânime pela inconstitucionalidade do uso do argumento da "legítima defesa da honra" em casos de feminicídios julgados no tribunal do júri. A análise desse caso foi concluída durante a sessão de reabertura dos trabalhos da Corte, após uma maioria já ter se formado em junho para considerar inconstitucional o uso desse argumento.


A decisão proíbe o uso da "legítima defesa da honra" por advogados, policiais ou juízes, seja de forma direta ou indireta, abrangendo tanto a fase de investigação dos casos quanto as situações em que os processos chegam ao tribunal do júri. Além disso, a defesa estará impedida de utilizar essa tese e, posteriormente, buscar a anulação do júri popular com base nesse mesmo argumento. Em outras palavras, o acusado não poderá praticar o crime e, em seguida, tentar se beneficiar da ação por meio dessa alegação.


Os ministros seguiram o voto do relator do caso, ministro Dias Toffoli, e concordaram que a "legítima defesa da honra" não tem cabimento em uma sociedade democrática, livre, justa e solidária, fundada no primado da dignidade da pessoa humana. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, ressaltou durante o julgamento que essa tese não é compatível com os princípios de uma sociedade que preza pela igualdade e respeito aos direitos humanos.


Para a ministra Cármen Lúcia, a ideia de "legítima defesa da honra" é resultado de uma formação social fundamentada na "ideologia patriarcal", que criou uma noção de superioridade masculina e, por consequência, legitimou a eliminação da vida de mulheres como uma forma de reafirmar papéis sociais e conceitos ultrapassados de "honra".


A decisão tomada pelo STF representa um avanço importante na luta contra a violência de gênero e o feminicídio no país. Ao proibir o uso dessa tese, a mais alta corte do país envia uma mensagem clara de repúdio à perpetuação de estereótipos de gênero e reafirma o compromisso com a igualdade e a justiça para todas as pessoas, independentemente do seu gênero.


Com essa determinação, os tribunais de segunda instância também têm a possibilidade de acolher recursos para anular absolvições que tenham sido fundamentadas na tese da "legítima defesa da honra", o que pode levar à revisão de decisões injustas e permitir que casos de feminicídio sejam devidamente julgados e punidos conforme a gravidade do crime.

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