Outros três envolvidos na morte do radialista também foram condenados.
Na noite desta quarta-feira (09/11), após três dias tensos de julgamento, o Tribunal do Júri decidiu por condenar quatro dos cinco acusados de assassinar o jornalista Valério Luiz de Oliveira. A decisão ocorreu no plenário do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em Goiânia.
Maurício Sampaio, considerado o mandante do crime, foi condenado a 16 anos de prisão, em regime inicial fechado. Ademá Figueredo, apontado como autor dos disparos, também foi condenado a 16 anos de reclusão inicial fechado. Urbano e Marcus Vinicius foram condenados a 14 anos cada um. Todos eles tiveram a prisão imediata declarada.
Apenas Djalma Gomes da Silva foi absolvido. Ele era acusado de ter auxiliado no planejamento do assassinato e atrapalhar o curso das investigações, mas foi considerado inocente pelo júri.
A sentença aconteceu após 10 anos desde o crime. Os jurados acolheram a tese defendida pelo Ministério Público e reconheceram as autorias e participações no crime, ocorrido há dez anos e cujo julgamento vinha se arrastando em razão de adiamentos provocados pela defesa. A defesa tentou, mais uma vez, suspender o julgamento, sem êxito, bem como obter um habeas corpus preventivo para Sampaio, também sem sucesso.
Relembre o caso
O crime foi cometido por volta das 14 horas de 5 de julho de 2012, na Rua T-38, no Setor Bueno, a poucos metros da emissora em que a vítima trabalhava. Segundo apurado no inquérito policial, Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, em “conluio, repartição de tarefas e contando com a participação dos demais denunciados, efetuou vários tiros em Valério Luiz de Oliveira, causando-lhe a morte imediata”.
Durante as investigações, foi verificado que as críticas que Valério Luiz de Oliveira fazia à diretoria do Atlético Clube Goianiense, no exercício da profissão de jornalista e radialista esportivo, nos programas Jornal de Debates, da Rádio Jornal 820 AM, e Mais Esporte, da PUC TV, teriam desagradado Maurício Sampaio, que era dirigente do clube de futebol. Os comentários da vítima geraram "acirrada animosidade e ressentimento no empresário, com desentendimentos", segundo a denúncia apresentada.
A investigação destacou que, no dia 17 de junho de 2012, em meio aos comentários que a vítima fazia no programa Mais Esporte, ao falar a respeito de possível desligamento de Maurício Sampaio da diretoria do time de futebol, ela teria dito que “nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora”. Em represália, narrou a denúncia, a diretoria do Atlético Clube Goianiense proibiu a entrada das equipes jornalísticas nas dependências do clube.
Sentindo-se ofendido na sua honra, segundo relato dos promotores, Maurício Sampaio passou a almejar a morte da vítima com o auxílio de comparsas, responsáveis pelo planejamento e execução do crime. Marcus Vinícius Pereira Xavier emprestou moto, capacete e camiseta para Ademá Figuerêdo, além de guardar no açougue de sua propriedade a arma e o celular que seriam utilizados no homicídio. Os chips dos telefones utilizados na comunicação foram habilitados em nomes de terceiros.
Conforme demonstrado na denúncia, no dia do crime, Ademá Figuerêdo foi até o açougue de Marcus Xavier, pegou a moto, o capacete, a camiseta, o telefone e a arma e se dirigiu até as imediações da emissora de rádio. No local, comunicou-se com Urbano Malta, que estava aguardando o momento em que a vítima sairia. Valério Luiz de Oliveira foi morto quando já estava dentro do veículo, ao final de uma jornada de trabalho.