A maior parte das lojas pertencem a mulheres empreendedoras
A Região da 44, localizada em Goiânia, é o segundo polo de comercialização de moda atacadista em todo o Brasil. Com mais de 15.500 pontos de vendas, dentro de shoppings ou galerias, mais 6.500 bancas da Feira Hippie, é responsável por gerar mais 170 mil empregos diretos na região metropolitana da capital goiana. Além disso, movimenta uma dinâmica cadeia produtiva que envolve mais de 20 municípios do estado de Goiás, gerando emprego e renda.
O número de mulheres que empreendem em todas as áreas é de 35% no estado de Goiás, segundo estatística do Sebrae Goiás em janeiro de 2023. Já dados do Grupo Mega Moda, composto por três shoppings de moda atacadistas - Mega Moda Shopping, Mega Moda Park e Mini Moda -, também levantados em janeiro deste ano junto às lojas do complexo, mostram que mais de 80% das pessoas empreendedoras são mulheres.
“Quando falamos do impacto financeiro, não estamos apenas pensando na empresária, mas em toda a cadeia da moda - costureiras, vendedoras a influenciadoras que trabalham para dar visibilidade às peças. Hoje, falamos que a Região da 44 movimenta por mês em torno de R $650 milhões, e boa parte disso é produzido, gerado, vendido por mulheres. Temos muitos cases em nosso complexo de empresárias que começaram vendendo de porta em porta e hoje possuem várias lojas e vendem para todo o país”, afirma Chrystiano Camara, Diretor de Operações do Grupo Mega Moda.
Deuseny Lopes, de 42 anos, é uma dessas mulheres que tiveram a vida transformada pela indústria da moda goiana. Nascida em Paranã, no interior do Tocantins, ela mudou para Goiás, junto com seu esposo, em busca de uma vida melhor. Observando o crescimento da Região da 44, onde ela trabalhava como vendedora, percebeu que havia oportunidade de crescimento financeiro. “Juntamos nossas economias e compramos uma máquina de corte de tecido para que eu pudesse trabalhar em casa. Hoje, 12 anos depois, sou responsável por cortar cerca de 11 mil peças por mês para diversas marcas goianas”, conta.
Outro exemplo de empreendedora é Ayla Thaynara Deus, 28 anos, fundadora das marcas Fina Flor e Ayla Thaynara de moda feminina, que produz de 3 a 4 mil peças por mês e tem faturamento anual de R $1 milhão. Com unidade no Mega Moda Park e no Mega Moda Shopping, sua equipe direta é composta por mulheres, sendo que, indiretamente, 80% do time da produção também é feminino. “Trabalhei por 7 anos no Sistema S e aprendi muito sobre empreendedorismo e posicionamento de mercado. Estou há quase 8 anos nesse mercado, minhas vendas são principalmente para Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A força feminina neste segmento é muito forte. Além de ter muitas mulheres à frente dos negócios, a maioria das minhas clientes que compram no atacado também são empresárias em suas cidades”, destaca.
Pesquisa
Em janeiro, o Grupo Mega Moda desenvolveu uma pesquisa com seus lojistas buscando entender de onde era a produção de moda comercializada no atacado. 73%, dos mais de 1100 participantes, responderam que as roupas são confeccionadas no estado de Goiás. Destas, cerca de 70% produzem em Goiânia, 12% em Aparecida de Goiânia e o restante em outras cidades do estado.
Segundo Tássia Carvalho, Gerente de Marketing do Grupo Mega Moda, a comercialização está mais centralizada na Região da 44, mas a produção é polarizada em várias cidades do estado de Goiás. "Com o Cinturão da Moda, esse movimento ganhou ainda mais força, impactando positivamente a venda dos nossos lojistas, que conseguem contar com mais mão de obra qualificada e também maximizar sua produção quando necessário", explica.
O Cinturão da Moda é um programa estadual com o objetivo de movimentar a economia goiana, a partir da geração de cerca de 100 mil novos postos de trabalho em 30 municípios do Estado na indústria da moda, fazendo uma conexão com o polo da Região da 44, em Goiânia, para suprir a demanda por mão de obra.
Região da 44
Cerca de 250 mil turistas de compras passam pelo polo de moda atacadista por
semana e, próximo às festas de final de ano, esse número chega a até 600 mil pessoas, segundo dados da AER44 (Associação dos Empresários da Região da 44). Já o ticket médio gira em torno de R $5 mil e R $8 mil. Em termos comparativos, se a Região da 44 fosse uma cidade seria a quarta do estado de Goiás em geração de renda.
A região comercializa, no atacado e varejo, os mais variados estilos de roupas e artigos de moda. Turistas de compras e atacadistas de diversas regiões do Brasil visitam a região. De acordo com dados do Mega Moda Shopping, os estados que mais fizeram turismo de compras na região em 2022 foram: Paraná, Pará e Tocantins.