Cortes registrados na primeira quinzena de 2023 acendem sinal amarelo e exigem soluções para conter desemprego em massa no Brasil
Recorde de demissões na primeira quinzena do ano exige soluções rápidas para conter o desemprego em massa no Brasil. Se o mês de dezembro de 2022 já havia traumatizado os brasileiros com uma série de demissões, janeiro de 2023 já aponta para um ano em que algumas empresas se preparam para o quanto as coisas podem piorar. Mal começou o mês, e foram registrados ainda mais cortes no mercado de trabalho. Logo nos primeiros 15 dias, mais de 100 mil trabalhadores perderam seus empregos em todo o país (veja quadro em anexo).
O Portal levantou o nome destas empresas que, por motivos diversos, executaram cortes radicais nas folhas de pagamento. Algumas delas estão anunciando o fechamento de unidades e a suspensão dos investimentos previstos. O PagSeguro, por exemplo, demitiu nesta semana 7% de seu quadro de colaboradores. Mas nos corredores da empresa e grupos de WhatsApp, a informação que circula entre os funcionários é de que o percentual seria maior.
A onda de demissões em empresas de tecnologia, que já passou pelas gigantes do setor - como Amazon e Facebook - chegou a companhias de médio e pequeno portes, como o aplicativo de transporte "99", e ameaça atingir mais startups, setor responsável por milhões de empregos em todo o país. A "99", companhia de mobilidade pertencente a um grupo chinês, iniciou os cortes no Brasil sem informar exatamente quantas pessoas serão demitidas. Sabe-se, no entanto, que as baixas envolvem todas as áreas da companhia.
Já a CVC Corp, uma das principais empresas de turismo do Brasil, também comunicou a demissão de cerca de 5% de seus funcionários. Em nota pública, a empresa alega que as demissões fazem parte de “ajustes pontuais na estrutura" da Organização.
Dívidas de R$ 40 bi
Está em curso um processo de demissão em massa dos trabalhadores da Lojas Americanas, que declarou à Justiça a existência de dívidas superiores a R$ 40 bilhões. A descoberta de um rombo bilionário na empresa deixou o mercado apreensivo e, além de provocar uma brusca queda na Bolsa de Valores, ainda desencadeou uma série de demissões queda nas ações de outras companhias que tinham parcerias com o conglomerado, como a Ambev, controlada pelos donos da Americanas, além de bancos como o Bradesco e o BTG, que também entraram em crise. Em Nota, a Americanas garantiu estar comprometida "com a busca de solução de curto prazo com os seus credores". Contudo, apesar das baixas esperadas, a empresa ainda não informou se terão demissões e fechamento de lojas pelo país.
Da Americanas à Riachuelo
O Grupo Guararapes, dono das Lojas Riachuelo, anunciou o encerramento das atividades em sua unidade de Fortaleza, no Ceará. Além de fechar a fábrica, a empresa demitiu milhares de funcionários - cerca de 10% da força de trabalho da Guararapes, que a partir de agora centralizará sua produção em Natal, no Rio Grande do Norte.
Da mesma forma, a Eletrobras e suas subsidiárias estimam que mais de 2.500 eletricitários sejam demitidos até o meio do ano de 2023. Só na Eletronorte, cerca de 600 trabalhadores devem ser forçados a aceitar um PDV (Plano de Demissão Voluntária), conforme amplamente anunciado pelos sindicatos da categoria.
Saídas possíveis
Economistas e políticos estão debruçados sobre o grande número de demissões, registrado no final de dezembro e, principalmente, nesta primeira quinzena de janeiro. Para o cientista político especializado em Economia, André César, "não há solução milagrosa". Ele entende que o governo precisa buscar uma solução junto à sociedade e encontrar encaminhamentos que influenciem o mercado de forma positiva.
"Nós temos algumas questões fiscais muito graves, uma reforma tributária urgente para ser feita", afirmou o cientista político, acrescentando que, "do contrário nada se resolve, e só piora a coisa". No entanto, André césar elogiou a iniciativa do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, de se reunir na segunda-feira (16/01) com a diretoria da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). "É preciso sentar todo mundo junto, e buscar quatro ou cinco encaminhamentos e, a partir daí, encontrar as soluções que o país precisa", defendeu.