Iniciativa busca colocar o Estado na liderança da produção do grão e de seus derivados agroindustrializados no Brasil
Com apoio técnico do Conselho Temático da Agroindústria (CTA) da Fieg, o Sindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-Oeste (Sindtrigo) promoveu quarta-feira (30/11), em formato on-line, reunião de alinhamento para início dos trabalhos de estudos agronômicos da expansão da variedade de trigo tropical em Goiás. A iniciativa, que conta com parceria do Sebrae Goiás, é articulada com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
No encontro, conduzido pelo presidente do Sindtrigo, Sérgio Scodro, foram estabelecidas as sete áreas goianas que vão semear lavouras demonstrativas de cultivares adaptados às condições ambientais do Centro-Oeste brasileiro, conforme pesquisa desenvolvida pelo núcleo Embrapa Trigo.
"Com esse trabalho, queremos identificar as potencialidades produtivas do trigo para sua expansão em Goiás, garantindo uma produção sustentável e contínua para todo o sistema agroindustrial ligado à produção tritícola no Estado, beneficiando de pequenos a grandes negócios do agronegócio goiano", explicou Sérgio Scodro.
O cronograma estabelecido prevê a primeira atividade já na próxima semana, nos dias 5 e 6 de dezembro, com coleta de solos para análise das condições físico-químicas da terra. O trabalho será liderado presencialmente pelo pesquisador Jorge Lemainski e equipe da Embrapa, com participação de produtores e técnicos da região, considerando rota de áreas de propriedades rurais nos municípios de Caldas Novas, Formosa, Ipameri, Vianópolis e entorno de Brasília.
De acordo com informações do núcleo Embrapa Trigo, a adoção das cultivares implica na melhoria da eficiência tecnológica, permitindo maior racionalização do uso de recursos naturais e levando ao incremento gradativo nos rendimentos produtivos da cultura. Paralelamente, uma maior redução da pressão sobre a utilização de áreas não cultivadas leva à menor necessidade de exploração dos recursos naturais. Na avaliação do CTA-Fieg, os benefícios ambientais da expansão tritícola em Goiás atendem diretamente aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e à agenda de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG).
"O trigo é o único produto agrícola em que o Brasil não é autossuficiente em produção. Com o conflito entre Ucrânia e Rússia, a oferta global do grão diminuiu sensivelmente, já que ambos os países do Leste Europeu são responsáveis por 30% da produção da cultura. Optamos por enxergar essa condição como uma janela de oportunidade para o agronegócio goiano liderar, nacionalmente, a produção do grão e de seus derivados agroindustrializados no Brasil", afirmou o presidente do Sindtrigo.
Atualmente, o trigo é o grão que ocupa maior área de cultivo no mundo, chegando a 220 milhões de hectares plantados. Estimativas demonstram que a produção precisa ser incrementada em mais de 60% para atender às 9,7 bilhões de pessoas esperadas para o ano de 2050. Além de servir como alimento básico, o que torna o grão estratégico à segurança alimentar no Brasil e no mundo, o trigo também é usado para fermentar bebidas alcoólicas, na produção de insumos para a agropecuária e na geração de biocombustíveis.
A reunião do Sindtrigo contou com presença do secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Mendonça; do superintendente de Produção Rural Sustentável da Seapa, Donalvam Maia; do gerente de Inovações da Seapa, Leonardo Silvério; do pesquisador da Embrapa Trigo Jorge Lemainski; do sócio-proprietário do Moinho Vitória, Murilo Cunha; do gerente do PoloAgro Sebrae, Douglas Paranahyba; do assessor executivo da Faeg Leonardo Machado; e do assessor executivo do CTA-Fieg, Heverton Eustáquio.