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Brasil 61

Alta taxa de juros desacelera vendas de veículos, diz presidente da Anfavea

Balanço positivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores mostra que, mesmo com aumento de vendas, setor ainda não voltou ao patamar pré-pandemia

Alta taxa de juros desacelera vendas de veículos, diz presidente da Anfavea
Empresário Márcio de Lima Leite, pres. ANFAVEA - Foto: divulgação

O balanço positivo registrado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no mês de janeiro, com aumento de venda e exportação de veículos produzidos, não reflete necessariamente uma recuperação forte do setor, em relação a janeiro de 2022. É o que afirma o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.


Segundo ele, em janeiro a Anfavea registrou um crescimento de 12,9% nas vendas, em comparação ao mesmo período do ano passado. Também houve um aumento de 5% no número de unidades produzidas. Da mesma forma, o volume de exportações - no mesmo período - cresceu ao patamar de 19,3%, apesar da queda dos mercados do Chile e da Colômbia.

Este crescimento não reflete, ainda, a realidade que o setor automotivo conseguiu alcançar no período pré-pandemia. De acordo com Márcio Leite, antes do lockdown o Brasil estava numa retomada positiva, liberando cerca de 3 milhões de unidades por ano. Atualmente, a produção do país está em pouco mais de 2 milhões/ano. Mas, além da pandemia, a recuperação do setor também foi desacelerada por causa da crise de abastecimento de semicondutores - que atingiu a indústria automotiva de dois anos para cá. Porém, o presidente da Anfavea acrescentou que a taxa de juros é, atualmente, o principal motivo de descontentamento entre os fabricantes porque a crise da escassez de semicondutores já foi superada: "A questão da demanda começa a dar sinal negativo pela alta taxa de juros”, destacou.


Taxa de juros

Segundo Márcio Leite, a retomada da indústria brasileira depende substancialmente de baixar a taxa de juros para o consumidor, que atualmente está em torno de 30% ao ano. “Essa taxa se torna inviável para a classe média, que pretende trocar seu veículo”, explicou.


Quem concorda com o presidente da Anfavea é o economista Newton Marques. O professor licenciado da Universidade de Brasília (UnB) avalia que a taxa de juros imposta pelo Banco Central está muito elevada, porque o benefício da elevação dos juros para controlar a inflação já cumpriu o seu papel.


"Os números divulgados pelo mais recente IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] revelam que são os alimentos que estão pressionando a inflação, demonstrando portanto que a questão não é de demanda", observou o professor, que já trabalhou no BC por 45 anos. Para ele, uma eventual decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros seria um dos principais fatores para favorecer a retomada da atividade econômica.


Perspectivas

Em relação ao futuro do setor automobilístico, o presidente da Anfavea explicou que, historicamente, fevereiro é um mês de baixa no comércio de veículos. Os motivos seriam o fato de ser um mês menor, além do feriado de carnaval. Portanto, conforme o representante da entidade, o ano de 2023 não deve apresentar grandes variações em relação ao ano anterior. “No ano passado, nós fechamos em torno de 2.100 [milhões de unidades] e a expectativa para esse ano não é muito diferente”, adiantou, para concluir em seguida: “Estamos apostando em um 2024 melhor”.

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