Dois emedebistas de Aparecida de Goiânia, ligados ao prefeito da cidade, Gustavo Mendanha (sem partido), relataram ao jornal O Hoje que existe a possibilidade de eles serem expulsos do MDB.
O presidente estadual do partido, Daniel Vilela, declarou apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM) e deve ser o candidato a vice na chapa caiadista em 2022.
Com isso, Mendanha decidiu sair do MDB e agora busca um outro partido para viabilizar sua candidatura de oposição a Caiado.
Diante desse cenário, emedebistas aliados a Mendanha, principalmente os de Aparecida de Goiânia, avaliam que permanecer no partido se tornou algo “insustentável”. Segundo um deles, “há uma forte tendência de expulsão”.
Porém, uma pessoa próxima a Daniel disse à reportagem que, no momento, “não existe deliberação do partido sobre expulsão”.
“Por enquanto, não passa de especulação”, ressaltou. “Uma decisão dessa só poderia ser tomada depois da convenção partidária [programadas para ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto do ano que vem].”
O aliado de Daniel lembra que o apoio a Caiado foi “uma decisão política, sem poder estatutário”. Para ele, discutir eventuais expulsões só seria possível se emedebistas se manifestarem contra o que for decidido na convenção, que tem “99% de chances de confirmar a decisão política de aliança com o governador”. O 1% restante diz respeito aos “imprevistos da política”.
Semelhança com 2018
Nas últimas eleições, em 2018, Daniel e o atual governador concorreram um contra o outro. Houve emedebistas que, mesmo com uma candidatura própria do partido, decidiram apoiar Caiado.
Alguns saíram do MDB ainda em 2018, como o deputado federal José Nelto (Podemos). Outros permaneceram e, no início do ano seguinte, foram expulsos do partido por unanimidade, como os prefeitos de Catalão, Adib Elias (Podemos), Rio Verde, Paulo do Vale (DEM) e Turvânia, Fausto Mariano (DEM).
Aliás, entre esses nomes, há insatisfeitos com a recente aliança entre Caiado e Daniel. São os casos, por exemplo, de José Nelto e Adib Elias.
Os emedebistas fiéis à Mendanha em Aparecida de Goiânia argumentam que, se não houver expulsão por se posicionarem contra Caiado, isso seria “contraditório” em relação à postura do MDB dois anos atrás.
Por sua vez, o aliado de Daniel rebate: “Contraditória é a postura do Mendanha, que estimulou a aproximação com Caiado em 2019 e agora quer ser candidato a governador”.
Janela partidária
A janela partidária, que permite mudança de partidos, será em março de 2022. Logo, antes das convenções partidárias. Isso significa que emedebistas insatisfeitos com a aliança entre Caiado e Daniel podem deixar o partido antes de uma eventual expulsão.
Isso é o que deve ocorrer com o deputado estadual Paulo Cezar Martins, o único da bancada emedebista na Assembleia Legislativa que declarou apoio à candidatura de Mendanha.
No entanto, a janela partidária de 2022 não se aplica a prefeitos e vereadores, que estarão em meio de mandato. Com a saída de Mendanha do MDB, não há mais prefeitos do partido contrários à aproximação com o DEM, mas alguns vereadores permanecem.
Uma leitura que se faz é a de que, para esses vereadores, a expulsão seria um bom negócio porque, dessa forma, poderiam ir para outro partido sem se preocuparem com janela partidária ou perda de mandato.
Por outro lado, um emedebista, que acompanhou de longe o confronto entre Daniel e Mendanha, tem uma opinião diferente. “Ser expulso, independentemente do motivo, é uma mancha no currículo.”
De qualquer forma, uma coisa é certa: se de fato houver expulsões, elas terão menos peso do que aquelas decorrentes das eleições de 2018.
(Com informações do Jornal O Hoje)